domingo, 17 de outubro de 2010

POR FAVOR! Chamem as coisas pelo seus nomes!


Eu penso que muito dessa banalização da violência, crimes e de comportamentos indignos, asquerosos e execráveis, poderia ter sido evitada simplesmente se tivéssemos continuado a chamar as coisas pelos seus nomes.

Mas não, soa muito mais fashion utilizar alguns estrangeirismos... o que acabou por minimizar o fardo de quem é rotulado por algo negativo. Noutros casos, pasme-se, chega-se a ficar contente, a sentir-se o rei da cocada preta, o chefe máximo do pessoal mínimo, por carregar a nomenclatura de algo que apenas deveria ser motivo de vergonha extrema e embaraço.

Criámos monstros de difícil gestão, alimentámos os nossos medos e receios, a nossa pacata sociedade passou a albergar o impensável... Enfim, legitimámos o crescimento da criminalidade, enquanto assistíamos a tudo, impávidos e serenos, como se nada passasse. Em alguns casos, tentámos infrutuosamente, apagar o lume… com gasolina!



A bandidinhos descarados, ladrõeszecos sem vergonha, teenagers imaturos e influenciáveis agindo como criancinhas mimadas discutindo linhas imaginárias de influências e posse de bairros e zonas como se fosse um jogo Playstation ou Xbox, resolvemos chamá-los pomposamente de “Thugs”. E abrimos de par em par as portas para que as nossas crianças inocentes pensassem que “Thug Life” fosse alguma coisa, para além do que realmente é… NADA! “Apenas um vida de thuck máf mitid na lama ta sujá outros ke ses porcaria”.

Numa altura em que aconteceu o primeiro “sequestro” de que Cabo Verde tem memória. Que ainda por cima, ao que parece, foi profícuo e vantajoso para o meliante que o praticou. Antes que a sociedade civil surja com algum termo menos indicador de tão vil e ignóbil é este acto, para o apelidar. E que a nossa comunicação social o espalhe pelas nossas ilhas. VENHO PEDIR A TODOS PARA CHAMAREM AS COISAS PELOS SEUS NOMES.

Não existem “Thugs”, existem sim assassinos, criminosos, bandidos, delinquentes, piratas, ladrões, gatunos, larápios, marginais e reles foras-da-lei e está muito longe de ser boa coisa ser-se chamado como tal. Aliás é uma vergonha, uma tristeza e apenas um ser ignorante, infantil, ignóbil e muito limitado pode orgulhar-se de ser-se um “Thug”.

Não existem Kassubody´s, mas sim assaltos, roubos, furtos, ataques e são sempre perpetrados e consumados na lógica da cobardia. Nunca ouvi falar de algum Kassu dado em que os assaltantes estavam em menor número ou que os assaltados é que estavam armados. Por isso quem comete estas atrocidades são projectos de homens que se escudam na covardia de estarem em maior número e/ou armados e apenas merecem que os apontemos o dedo a rir gargalhada e convulsivamente para sentirem o peso da vergonha de serem o que são. Ou pelo menos para deixarem de se comportar como tal.


Atenção não devemos cair no mesmo erro, outra vez e achar piada o facto de já termos sequestros e os consequentes resgates na nossa terra. Nada de comentários de que estamos cada vez mais parecidos (nos aspectos negativos) com o Brasil. E sobretudo nada de amenizar e minimizar o facto de serem SEQUESTROS com gírias ou termos com piada. Chamem as coisas pelo seus nomes. Sobretudo devemos combatê-las antes que nos limitem as acções do dia-a-dia.

2 comentários:

Isa disse...

Oi Tey manera, tud dret? Bom texto! Esses estrangeirismos caem de imediato por terra quando sentimos a respiração do bandido na nossa nuca a dizer, tenho uma faca, dá-me tudo o que tens. Ou quando vemos a nossa irmã a ser espancada por um diabo à nossa frente. Aonteceu comigo em 2007Naquela "época" as coisas estavam mais calmas, dávamos ao luxo de andar pelas ruas da cidade sozinhas à noite. Éramos três raparigas, eles eram dois moços. Na altura eles foram "caçados" mas o julgamento é só no próximo mês de Novembro. E gent t uvi cada estória!
Um rapazinho de vinte e tal anos da zona de Ribeira de Craquinha resolveu tatuar as costas do filho de três anos com as iniciais do gang B.B.H. O grande orgulho.
Enfim!! A barbárie, é o que é.

Tey Alexandre SilFonSoares disse...

Pois é Isa! Ao que chegamos nós... essa de tatuar uma criança de 3 anos com iniciais de um gang é algo de absolutamente inacreditável. De tão absurdo que é. Um forte abraço...