O produto interno bruto (PIB) é o índice mais utilizado para determinar a riqueza e o desenvolvimento das nações e que permite compará-las. Mas tem limitações. «Quando há grandes alterações de desigualdade (de forma geral diferenças na distribuição de rendimentos) o PIB ou qualquer outro agregado computado per capita pode não dar uma avaliação precisa da situação vivida pela maior parte das pessoas», lê-se no relatório da Comissão Stiglitz.
Comissão Stiglitz é o nome pelo que ficou conhecido o grupo de peritos convocado em 2008 pelo Presidente francês, Nicolas Sarkozy, para identificar outras formas de medir o progresso social. Repleta de nomes ligados economia, à estatística e ao desenvolvimento, a comissão teve pelo menos três prémios Nobel da economia a dar o contributo, Joseph Stiglitz, que é economista chefe do Banco Mundial, Amartya Sen e Daniel Kahneman, e elaborou uma série de recomendações. Um dos pressupostos de que partiu é o de que a forma tradicional de usar as estatísticas «pode dar uma visão distorcida das tendências dos fenómenos económicos».
«Por exemplo, os engarrafamentos podem fazer crescer o PIB, pois aumentam o consumo de gasolina, mas obviamente não fazem subir a qualidade de vida. Além disso, se os cidadãos se preocupam com a qualidade do ar, e a poluição do ar aumenta, estatísticas que ignorem a poluição do ar vão dar uma estimativa pouco precisa do que se está a passar com o bem-estar dos cidadãos», lê-se ainda no relatório.
Economia da felicidade
A ideia de medir a felicidade dos cidadãos remete para uma área de investigação que floresceu nas últimas décadas: a economia da felicidade. O objectivo é desenvolver novas técnicas de medição do bem-estar e da satisfação social, nascidas no seio da econometria. O Banco Mundial e as Nações Unidas estimulam estes estudos e debates, que têm sido particularmente activos em países como o Canadá, o Brasil ou a França.
Mas o conceito da felicidade interna bruta não convence toda a gente, há quem não acredite que o FIB vingue. «Como conceito é importante», disse à Reuters Ross Walkers, economista do Royal Bank of Scotland. «Mas a felicidade não é algo que se possa medir directamente, portanto olho com cepticismo para o valor acrescido que isto poderá trazer», explicou.
Já a directora dos serviços nacionais britânicos de estatística está satisfeita com a perspectiva de poder lançar-se neste novo tipo de inquérito, que deve começar a ser formulado ainda em Novembro, para ser transformado em perguntas a fazer aos cidadãos já na próxima Primavera. «Há um crescente reconhecimento internacional de que para medir o bem-estar e o progresso das nações é preciso desenvolver uma visão mais abrangente, em vez de nos focarmos apenas no PIB», disse Jill Matheson, citada pela AP.